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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Metro do Porto distinguido pela Universidade de Harvard

O Metro do Porto é um dos dois projetos premiados na 11ª edição do prémio “Veronica Rudge Green Prize”, atribuído pela escola de design da universidade norte-americana de Harvard. Este importante galardão em design urbano vai ser atribuído na terça-feira, em Cambridge, Massachusetts (EUA).

Fonte da organização do prémio disse ao Boas Notícias que, para esta edição, foram nomeados cerca de 100 projetos de todo o mundo. Esta é a primeira vez, desde o arranque do “Veronica Rudge Green Prize”, que são premiados dois projetos em exaqueo.

No site da universidade de Harvard, relativamente ao projeto Metro do Porto, o júri destaca o potencial desta infraestrutura de mobilidade, “cuidadosamente planeada e executada para transformar a cidade e a região”.
 
O júri elogia também o arquiteto Eduardo Souto Moura, prémio Pritzker 2011, que coordenou a equipa de projetistas responsáveis pela inserção urbana do metro em diferentes locais da Área Metropolitana do Porto.

"O Metro do Porto exibe uma generosidade em relação à esfera pública que é fora do comum nas infraestruturas contemporâneas. A capacidade de Souto de Moura e da sua equipa em negociar uma míriade de limitações tecnicas e administrativas faz com que este seja, verdadeiramente, um projeto de design urbano impressionante", lê-se no site dos prémios.

Além do Metro do Porto, a 11ª edição dos Green Prize distinguiu o projeto autárquico Proyecto Urbano Integral (PUI), desenvolvido na cidade de Medellín (Colombia). O prémio reconhece a liderança do arquiteto Alejandro Echeverri e o papel da agência Empresa de Desarrollo Urbano (EDU), que garantiu a execução desta iniciativa.

O PUI é um projeto de design social que tem vindo a criar várias soluções (por exemplo meios de transporte mais eficientes e soluções de habitação económicas) para combater as condições de pobreza extrema em que vivem cerca de 170 mil habitante de Medellín.

Os dois prémios vão ser atribuídos na próxima terça-feira à tarde, numa cerimónia na sede da Graduate School of Design, em Cambridge. O evento inclui a inauguração de uma exposição sobre os dois projetos premiados.

Clique AQUI para saber mais sobre este prémio.

Azeite português em destaque no New York Times

O prestigiado jornal norte-americano The New York Times publicou, esta quinta-feira, um extenso artigo sobre o crescimento das exportações portuguesas, dando especial ênfase à indústria do azeite. 

A Herdade de Manantiz, que já produz azeite há 127 anos, serve de fio condutor da reportagem de Raphel Minder. O jornalista explica que, perante a recessão, esta herdade - que anteriormente vivia para o mercado interno - passou a apostar na modernização da produção e na procura de clientes no exterior. 

O investimento de 197.000 euros já deu frutos: em Maio a empresa completou a sua primeira venda no mercado externo, a um cliente brasileiro que comprou 504 garrafas de azeite, e está em negociações com clientes suecos e japoneses.

Raphel Minder considera que esta aposta nas exportações, incentivada por alguns economistas, tem vindo a ajudar as empresas nacionais. “Uma vez que muitas das empresas do país aceitaram que o crescimento deve ocorrer fora das fronteiras, a economia está a começar a melhorar”, diz o jornalista que aponta os últimos dados do Eurostat, respeitantes à subida de 1,1 por cento do PIB português, para reforçar esta teoria.
O princípio do fim da recesão

Citando o economista Luís Cabral, professor de economia da Universidade de Nova York, o artigo defende que Portugal “chegou ao princípio do fim da recessão”, mas alerta para a dificuldade que as empresas continuam a sentir no momento de pedir financiamento à banca.

Raphel Minder dá o exemplo da Herdade de Manantiz que, durante três anos, tentou sem sucesso obter um empréstimo para o sofisticado sistema de irrigação que implementou. Por fim, a herdade acabou por conseguir um subsídio do Estado e da União Europeia, destinado ao desenvolvimento rural, que apoiou 40 por cento do investimento.

“Antes deste sistema de irrigação, a Herdade de Manantiz contava, quase exclusivamente, com a época das chuvas para alimentar as suas 30.000 oliveiras, plantadas num terreno de 529 hectares, numa das regiões mais secas da Europa do sul”, salienta Minder.
É este tipo de investimento que, sublinha o jornalista, tem feito a indústria do azeite vingar no mercado externo. Apontando dados da Casa do Azeite, Raphel Minder salienta que as exportações de azeite duplicaram, desde 2008, após sucessivos anos em queda, sendo que, só em 2012, as exportações aumentaram mais de 20%, como noticiou, na altura, o Boas Notícias.

Além do azeite, o jornalista destaca, na conclusão do artigo, outras indústrias portuguesas que têm sido bem-sucedidas no mercado externo, como os combustíveis e lubrificantes da refinaria da Galp, em Sines, ou os setores da comida e bebida, bem como a indústria dos móveis que, em 2012, gerou receitas de mil milhões de euros.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Novo projecto de conservação protege fura-bardos e floresta laurissilva

A Comissão Europeia acabou de aprovar o Life fura-bardos, um projecto de protecção desta subespécie endémica da macaronésia, que ocorre apenas na ilha da Madeira e em cinco ilhas do arquipélago das Canárias.
Segundo explicou a SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), que coordena o projecto – é a primeira vez que o faz na ilha da Madeira – a população de fura-bardos (accipiter nisus granti) da Madeira tem sofrido, nos últimos anos, diversas ameaças, em especial pela alteração do seu habitat devido à ocupação deste terreno por plantas exóticas de carácter invasor. Também os violentos incêndios ocorridos entre 2010 e 2012 ajudaram a provocar problemas para esta espécie.
“Com este projecto pretendemos reduzir as populações de plantas invasoras em duas áreas de laurissilva e promover a limpeza e reflorestação de uma área de laurissilva que ardeu em 2012”, explica a SPEA em comunicado.
A associação vai também “aumentar o conhecimento sobre esta ave de rapina florestal, em especial as tendências populacionais em ambos os arquipélagos e sua ecologia”.
“Ao longo dos próximos quatro anos faremos também um intenso trabalho ao nível da sensibilização da população local, uma vez que esta ave ainda é desconhecida para muitos madeirenses”, conclui a associação, que vai trabalhar em conjunto com duas entidades públicas regionais: a Direcção Regional de Florestas e Conservação da Natureza e o Serviço do Parque Natural da Madeira; e da SEO/Canárias, parceiro espanhol da Birdlife International.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Casal de leopardos-da-pérsia cedido à Rússia pelo Zoo de Lisboa teve duas crias

Em 50 anos, são as primeiras crias desta subespécie a nascer naquele país, onde está extinta.
Esta é uma das subespécies de leopardo mais ameaçadas de extinção 
Nove meses depois de ter “emigrado” para a Rússia, o casal de leopardos-da-pérsia que antes vivia no Jardim Zoológico de Lisboa teve duas crias. É a primeira vez, em 50 anos, que nascem crias de leopardo-da-pérsia na Rússia, onde esta subespécie está actualmente extinta.

As crias nasceram a 12 de Julho no Centro de Reprodução e Reintrodução do Parque Nacional de Sochi, na Reserva Natural do Cáucaso. Foi para lá que os pais, Zadig e Andrea, de sete anos, foram enviados em Outubro do ano passado, ao abrigo do Programa de Reintrodução do Leopardo-da-pérsia criado pelo governo russo em parceria com várias entidades de conservação da Natureza, entre elas o Jardim Zoológico de Lisboa.

Os filhos de Zadig e Andrea ainda não têm nome, nem se sabe qual o seu sexo. Numa nota, o Zoo de Lisboa diz que as crias, que nascem em média com 15 centímetros e 500 a 700 gramas, ainda estão junto da mãe.

Depois de uma primeira fase de adaptação, o casal e as crias vão viver para as montanhas do Cáucaso, em liberdade. Cumprem assim o objectivo do programa, que passa por reintroduzir esta subespécie – classificada como “criticamente em perigo” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza - no seu habitat natural, onde já não existe em estado selvagem.

O Zoo de Lisboa foi “a primeira instituição zoológica do mundo a transferir um casal de leopardos-da-pérsia para a Rússia, tendo sido seleccionado para colaborar neste programa devido ao elevado índice de reprodução desta espécie no parque – apresenta a melhor taxa de reprodução na Europa”, lê-se na nota.

A subespécie é originária do Medio Oriente e é ameaçada pela redução do habitat natural, pela caça para o comércio ilegal de pede e dos ossos, e ainda pela perseguição directa por ser considerada predadora do gado doméstico e uma ameaça para as populações. Actualmente, a população total em estado selvagem está estimada em 870 a 1290 indivíduos, com uma distribuição muito fragmentada.

“O leopardo-da-pérsia assume uma extrema importância para a Rússia, sendo inclusivamente o símbolo oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno a decorrer em Sochi em 2014”, sublinha o Zoo de Lisboa.

Kit português converte bicicletas normais em elétricas

Um investigador português da Universidade do Minho criou o protótipo de um kit capaz de transformar bicicletas 'normais' em bicicletas elétricas. A invenção de Rui Araújo, testada na Bicicleta Elétrica da Universidade do Minho (BeUM), oferece uma autonomia de 60 km.

Embora ainda não tenha previsão para a comercialização do produto, o investigador disse ao Boas Notícias que o kit pode ser adaptado em qualquer modelo de bicicleta (tanto nas mais antigas como nas mais modernas) e deverá ter um custo de, aproximadamente, 500 euros.

Com uma velocidade máxima de 25 km/h, este motor terá, por enquanto, de ser carregado através de uma tomada elétrica. No entanto, está já a ser desenvolvido um novo kit que será capaz de transformar a energia cinética (do movimento dos pedais e da própria bicicleta) em energia elétrica.

Este projeto foi desenvolvido no âmbito da tese do mestrado integrado em Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores, que vai ser apresentada esta quarta-feira, em Guimarães, no II Simpósio do Grupo de Eletrónica de Potência e Energia.
A BeUM, criada a pensar no alargamento do universo de utilizadores deste meio de transporte ecológico, tem como meio de propulsão auxiliar o tal kit que consiste num motor BLDC (Brushless Direct Current), com três modos de ajuda na tração.

O kit tecnológico da bicicleta, que permite reduzir a força muscular habitualmente exercida pelo utilizador,  foi construído com uma bateria de iões de lítio polímero, que, dependendo do modo de ajuda, da topografia do terreno e do utilizador, assegura uma autonomia máxima de 60 km.

Como explica Rui Araújo, “o sistema eletrónico de controlo do motor, os circuitos de comando e a plataforma de carregamento de baterias da bicicleta elétrica, foram desenvolvidos a partir de tecnologias próprias”.

Ambiente: Bióloga portuguesa descobre o animal terrestre mais profundo do mundo

Caldas da Rainha, 22 fev (Lusa) - Insetos primitivos, sem asas e sem olhos, que vivem em total escuridão na gruta mais profunda do mundo, são a mais recente descoberta da bióloga portuguesa Sofia Reboleira.
"A descoberta de vida a semelhante profundidade lança novas luzes sobre a forma como olhamos para a vida na Terra", disse à Lusa a bióloga Sofia Reboleira que, juntamente com Alberto Sendra (do Museu Valenciano de História Natural), descobriu mais quatro novas espécies para a ciência.
São diminutos insetos, desprovidos de asas de olhos, "que vivem na gruta mais profunda do mundo, em total escuridão"e que há milhões de anos desenvolvem mecanismos de adaptação que lhes permitem viver a grandes profundidades.


Lince-ibérico vai ter corredor ecológico de 55 hectares em Moura

O projecto LIFE Habitat Lince Abutre, que promove o habitat do lince-ibérico e abutre-preto no sudeste português, chegou a acordo com os olivicultores da região de Moura, no Alentejo, para a criação de um corredor ecológico para uma destas espécies protegidas, o lince-ibérico. O corredor terá 55 hectares, vai contribuir para a conservação do lince-ibérico e ligar as áreas da serra da Adiça e Ficalho.
O acordo levará os olivicultores da região a não efectuarem, em determinadas parcelas dos seus olivais, intervenções que prejudiquem o desenvolvimento e regeneração da vegetação natural. Como a colheita da azeitona.
Em contrapartida pela consequente perda de rentabilidade, estes agricultores recebem um pagamento compensatório por cada hectare de olival afecto à implementação destes corredores.
A recuperação da vegetação nestas áreas, previamente seleccionadas, permitirá aumentar a conectividade da paisagem adequada ao lince-ibérico, facilitando assim a sua deslocação nesta região.
Simultaneamente, aumentam-se também as áreas favoráveis à existência de coelho-bravo (assim como de outras espécies de caça menor), presa deste ameaçado felino e que pode constituir um importante recurso económico para as áreas rurais. Espera-se assim que a médio prazo esta medida inovadora contribua para a recuperação do lince-ibérico na região.
O projecto LIFE Habitat Lince Abutre é coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e conta com a parceria de diversas instituições públicas e privadas, designadamente o Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI), a Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC), a Associação dos Jovens Agricultores de Moura (AJAM), a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS / ISCTE-IUL). Este projecto é co-financiado a 75% pelo Programa LIFE-Natureza da Comissão Europeia.

Plástico lidera aumento da reciclagem em Portugal no primeiro semestre

A reciclagem de resíduos de embalagem cresceu nos primeiros seis meses de 2013. Entre Janeiro e Junho, a Sociedade Ponto Verde (SPV) encaminhou para reciclagem 168.313 toneladas de resíduos de embalagens no âmbito do fluxo urbano. Trata-se de um crescimento de 3% dos resíduos provenientes, na sua maioria, dos materiais recolhidos selectivamente, nomeadamente através dos ecopontos e sistemas porta-a-porta.
“Este resultado vem demonstrar que, apesar da actual conjuntura económica, a população está cada vez mais sensibilizada para a importância da reciclagem através da separação dos seus resíduos de embalagem”, salienta Luís Veiga Martins, director-geral da SPV.
Nos resíduos de embalagem de origem doméstica, pequeno comércio e HORECA o destaque em termos de crescimento de material encaminhado para reciclagem vai para o plástico (22%), seguido pelo metal (20,7%).
“Acreditamos que, mesmo com o tempo difícil que atravessamos, cada vez mais pessoas continuarão a separar os seus resíduos, ajudando a continuar a percorrer um caminho de sucesso com o empenho de todos os parceiros do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem. É de destacar que a reciclagem de embalagens proporciona 2.300 postos de trabalho e devolve anualmente à economia €70 milhões por ano. Reciclar é um acto cívico de grande importância para o ambiente e uma atitude geradora de emprego e de valor para a economia”, acrescenta Luís Veiga Martins.
Em relação ao fluxo não urbano – de origem industrial ou comercial – foram encaminhadas para reciclagem 153.570 toneladas de resíduos de embalagens nos primeiros seis meses do ano, um crescimento de 47% comparativamente com o período homólogo.
No total dos dois fluxos – urbano e não urbano – a SPV encaminhou para reciclagem mais de 321 mil toneladas de resíduos de embalagens, um crescimento superior a 20%.

Quantidades de resíduos de embalagem de origem urbana encaminhadas para reciclagem
Balanço Janeiro-Junho20132012Comparação Semestral 2012/13 (p.p)
Papel/Cartão46.48144.6764%
Vidro78.85781.745-4%
Plástico30.99325.45322%
Metal10.7408.89720,7%
Madeira1.2462.058-39%
Total168.313162.8303%

Aquecimento global está a fazer disparar número de alforrecas

Há cada vez mais relatos de encontros com alforrecas em todo o mundo, e o aquecimento global – e dos oceanos – poderá estar ligado a este facto. De acordo com o director do programa de biodiversidade da MCS (Marine Conservation Society), Peter Richardson, “à medida que as nossas águas ficam mais quentes, o número de visionamentos de alforrecas – ou medusas – aumenta”.
“Há algumas provas que o número de alforrecas está a aumentar em vários locais de todo o mundo, ainda que alguns cientistas acreditem que o número de alforrecas aumente e diminua a cada 20 anos”, explicou o responsável.
De acordo com Richardson, as alterações climáticas, poluição e pesca excessiva também contribuem para esta situação.
“Devemos considerar as populações de alforrecas como indicadores importantes do estado dos nossos mares, e o nosso estudo ajuda a dar-nos alguma informação para percebermos mais sobre estas”, explicou o investigador.
A MCS está a pedir aos banhistas para reportarem todos os visionamentos de alforrecas, que são um barómetro do que se está a passar no Oceano. No entanto, as pessoas devem manter-se afastadas e evitar tocar nelas.
Em Junho, milhares de alforrecas invadiram a costa mediterrânea, afectando as férias de Verão de turistas e locais.
“Ainda sabemos relativamente pouco das alforrecas, mas elas são cada vez em maior número, o que diz muito da saúde dos nossos mares”, concluiu Rochardson.

Oito mitos e verdades sobre as alterações climáticas


As alterações climáticas existem ou é um mito construído pela comunidade cientista? O jornal i publica hoje um FAQ (frequently asked questions – “perguntas frequentemente feitas”, em português literal) sobre o assunto e desmistifica – ou reforça – algumas das questões que estão em cima da mesa neste debate.
Muitas delas são, como poderá perceber, vária
s vezes aqui abordadas, na forma de notícias e novos estudos publicados periodicamente.
Estas oito questões foram formuladas por 50 leitores do jornal i e respondidas por especialistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Um excelente serviço público do jornal português.
1. O clima já mudou antes
Verdade. E continuará a mudar de forma natural, já que o clima terrestre é influenciado por variações da órbita terrestre, variações da posição do eixo da Terra, flutuações da actividade solar e da actividade vulcânica (arrefecimento). No entanto, as actividades humanas – por exemplo as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e a desflorestação – são responsáveis por alterar o balanço radiactivo do sistema terrestre e dessa forma têm uma influência sobre o clima.
2. Não há consenso sobre impacto do homem nas mudanças climáticas
Errado. Há consenso científico e todos os estudos feitos sobre o assunto nas últimas décadas apontam para valores bem acima dos 90% de concordância entre os especialistas nas diferentes áreas do ambiente e alterações climáticas. Cerca de 97 em cada 100 especialistas apontam as actividades humanas como causas das alterações climáticas. Além do consenso entre cientistas, existe ainda um consenso nos dados encontrados sobre essa influência.
3. Temperatura e CO2 sobem ao mesmo ritmo
Errado. Dióxido sobe depois Este ponto é normalmente ilustrado pela seguinte ideia: durante a saída das últimas eras glaciares o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) não antecedeu a subida da temperatura mas aparentemente seguiu-se a esta com um intervalo entre 200 e 1000 anos (dados encontrados por cientistas que estudam o clima e as alterações climáticas). Logo, um aumento do CO2 não poderia ter provocado a subida das temperaturas.
De facto, quando a Terra sai de uma era glaciar, o aquecimento é iniciado pelas alterações na órbita terrestre e não pelo aumento inicial do CO2. Este aquecimento amplifica a libertação natural de CO2 pelos oceanos, que, por sua vez, amplifica o aquecimento da atmosfera promovendo a mistura deste gás na atmosfera e a expansão desse aquecimento por todo o planeta. A estes fenómenos dá–se o nome de retroacção positiva. Os mesmos estudos indicam que cerca de 90% do aquecimento global ocorre após o aumento dos níveis de CO2. Aliás, esta é uma das razões porque se sabe que alterar a composição da atmosfera através da libertação de GEE (naturalmente ou pelos seres humanos) irá provocar um aumento das temperaturas médias globais.
4. Há relação entre catástrofes naturais e aquecimeno global
Certo. As indicações científicas de que a intensidade dos eventos extremos está a aumentar devido às alterações climáticas são cada vez mais fortes. O que não significa que todos os eventos extremos sejam causados ou directamente relacionados com estas alterações. Um evento extremo é um acontecimento raro num determinado local ou período do ano.
As definições de raro podem variar, mas são normalmente associadas a percentis estatísticos (por exemplo, raro se abaixo do percentil 10 ou acima do percentil 90). Apesar de toda a incerteza e de muitas vezes existir alguma confusão entre o que é a ocorrência destes fenómenos e os danos que causam (o mesmo evento extremo pode causar danos diferentes consoante a área que atinge), os estudos científicos sobre o assunto apontam para um aumento da intensidade destes eventos e, em alguns casos, também para um aumento da sua ocorrência.
5. O CO2 é alimento para plantas
Verdade. Mas irrelevante para a discussão. A resposta das plantas ao excesso de CO2 é sensível a uma variedade de factores (idade, genética, fenótipos, altura do anos, nutrientes, entre outros). Aliás, está demonstrado que um aumento da concentração de CO2 promove na maior parte das situações um maior crescimento das plantas até um determinado limite a partir do qual se torna negativo. O aumento global de CO2 é muitas vezes designado uma “gigantesca experiência biológica” que os seres humanos estão a conduzir na Terra.
6. O sol está a ficar mais quente
Errado, pelo menos desde 1978. O Sol tem registado uma tendência de arrefecimento desde 1978. Ainda assim, existem algumas incertezas neste ponto, dado que as medições mais exaustivas começam precisamente no final dessa década e ainda permanecem dúvidas quanto à melhor metodologia de análise.
Os cientistas estão para já de acordo que a actividade solar parece estar regulada por períodos de 11 anos, os chamados ciclos solares. De acordo com as últimas previsões da NASA, actualizadas no início de Julho, o pico do actual ciclo solar (número 24) deverá ser atingido durante este Verão. Contudo, cenários como grandes descargas de radiação poderem interferir com comunicações por satélite ou outro equipamento espacial tem sido descartado. Estima-se que este pico seja o menos intenso desde 1906.
7. O aquecimento provoca aumento do CO2
Verdade. Não esquecer que o aumento do CO2 provoca aquecimento, que por sua vez provoca aumento de CO2, que por seu turno aumenta o aquecimento.
8. Ursos-polares estão a aumentar
Talvez, é difícil saber ao certo. Os ursos-polares encontram-se entre as espécies mais ameaçadas pelas alterações climáticas, uma vez que o seu habitat será dos mais afectados pelo aquecimento global (os pólos aquecem mais rapidamente que o resto da Terra e o gelo polar pode apresentar uma elevada sensibilidade a estas alterações). Assim sendo, e a confirmar-se , seriam óptimas notícias para esta espécie e para a Terra em geral.

Mantinhas de burel de Manteigas são sucesso no Japão

O burel, material com 100% de lã, foi durante décadas o têxtil por excelência para gerações e gerações de serranos e outros portugueses. Com origem na Serra da Estrela, ela era usado para proteger as populações do frio, dando algum conforto, por exemplo, aos pastores da região. Pensa-se, inclusive, que o nome Manteiga virá das mantas e mantinhas feitas a partir desta matéria-prima.
Hoje, o burel volta a estar na moda e há empresas, como a Ecolã, de Manteigas, que estão a inovar no fabrico de acessórios e roupa em burel. “O burel é um tecido feito com lã – tem de ser lã bordaleira Serra da Estrela -, é tecido no tear com as características inerentes – o ser impermeável e quente”, explica João Clara, da Ecolã.
Segundo o responsável, durante décadas as pessoas dos arredores vinham ao lugar das mantas e mantecas. O nome Manteigas surge assim.
Várias décadas depois, o burel chegou ao Japão – e com bastante sucesso. “Sentimo-nos muito contentes. Os japoneses ficaram quase como uma criança quando vê uma coisa diferente, dizem que é aquilo exactamente que eles queriam”, explica.
A surpresa do interesse japonês surgiu há quatro anos e, desde então, todos os anos as vendas aumentam. A Ecolã exporta mantas, cobertores, roupas, acessórios, malas, chapéus e casacos, para homem e mulher.
Para aproveitar as sobras do burel, a Ecolã contratou uma colaboradora que se dedica, exclusivamente, ao fabrico de chinelos e acessórios. Para que nada se perca no caminho para a sustentabilidade – a social, ambiental e económica.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Lisboa eleita a quarta cidade mais bela do mundo

Lisboa foi considerada a quarta cidade mais bonita do mundo. A capital portuguesa está no top 10 das cidades mais belas do planeta, elaborado pelo site de viagens “Urban City Guides”.
A liderar a tabela está Veneza, seguindo-se Paris e Praga. Lisboa surge no quarto posto, sendo destacada como uma das cidades mais cénicas do mundo, com os seus miradouros, colinas e ruas pitorescas. Uma cidade de “uma beleza sem esforço com detalhes cativantes”, define o site.
O Rio de Janeiro aparece em quinto lugar, seguido de Amesterdão, Florença e Roma. Os nono e décimo postos são ocupados por Budapeste e Bruges, respectivamente.
No mesmo site, Portugal também aparece no top dos 10 países mais bonitos, conquistando o sexto lugar, atrás da Itália, que lidera a lista, da Espanha, da Austrália e da Grécia. Estados Unidos, Brasil, África do Sul e Alemanha completam os restantes cinco lugares do top.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Investigador português cria capacete de cortiça

Investigadores de Universidade de Aveiro criaram um capacete de cortiça, que reforça a segurança da cabeça de quem anda de moto. Segundo a revista Motociclista
, os vários testes realizados comprovam que a cortiça tem uma maior capacidade de absorver o impacto que a tradicional esferovite, usada por todos os fabricantes mundiais de capacetes, e mantém esta característica intacta no caso de o motociclista sofrer múltiplas pancadas na cabeça.
“Os revestimentos interiores dos capacetes, que servem para absorver a energia em caso de impacto, são hoje feitos quase exclusivamente em esferovite”, diz Ricardo Sousa, que lidera a equipa de investigadores.
“Este material, tem a vantagem de ser barato e leve mas tem uma grande desvantagem: quando sofre um primeiro impacto, deforma-se permanentemente, perdendo capacidade de absorção de energia. Assim, num eventual segundo impacto, o motociclista fica à mercê da sorte.”
Já o revestimento da Universidade de Aveiro, aponta Ricardo Sousa, “não só absorve muito melhor o impacto do que a esferovite pura, como mantém a capacidade de absorver impactos mesmo quando ocorrem vários seguidos”. A prova disso, empiricamente falando, “vê-se numa rolha de champanhe que, apesar de poder estar anos e anos comprimida no gargalo de uma garrafa, recupera praticamente a forma inicial assim que a bebida é aberta”.
“Por causa das legislações, a camada interna de esferovite tem vindo a aumentar ao longo dos anos. O resultado disso são capacetes cada vez maiores o que, esteticamente, não é muito agradável” diz Ricardo Sousa, também ele motociclista. Assim, o problema de tamanho que não se coloca com o projeto da UA já que a cortiça absorve mais energia de impacto que uma mesma quantidade de esferovite.
“Neste momento, depois de vários testes com diferentes associações entre esferovite e cortiça, existe já uma solução estudada e patenteada”, aponta o investigador. “É um híbrido”, descreve o responsável: “Trata-se de excertos de micro aglomerado de cortiça inseridos numa matriz de esferovite com as distâncias e tamanhos dos dois materiais devidamente estudados”.
A solução da Universidade de Aveiro para o revestimento dos capacetes pode torná-los mais caros. Mas a equipa de Ricardo Sousa está a pensar nas vantagens de proteção extra, sobretudo para capacetes de alta performance “em que o preço não é importante”:  Motociclismo, competições automobilísticas, ciclismo e hipismo são alguns dos desportos onde o capacete da UA pode vir a ser utilizado. A cabeça dos militares pode igualmente beneficiar desta investigação.
“A partir do momento em que este material ficou afinado está disponível para ser aplicado a qualquer tipo de protecção, seja para a cabeça, seja para outra parte de corpo”, afirma Ricardo Sousa.

"Casa da Severa" abre portas para homenagear Fado

Já está a funcionar como uma extensão do Museu do Fado a "Casa da Severa", espaço recém-inaugurado na antiga residência de Maria Severa Onofriana, considerada por muitos a "fundadora" do Fado, género musical que continua a fazer parte da identidade portuguesa e, em particular, lisboeta, que morreu precocemente aos 26 anos.

De acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, a "Casa da Severa", localizada no agora chamado Largo da Severa, junto à Rua do Capelão, no bairro da Mouraria, abre as suas portas como centro local de interpretação deste género musical e vai acolher visitas de percursos temáticos, tertúlias, exibição de filmes, e, sobretudo, celebrar o Fado e os fadistas.

Em declarações à Lusa, fonte do Museu do Fado revelou que este novo pólo fadista da capital vai ter "atividades relacionadas com o fado" e terá em exposição "uma guitarra portuguesa, réplica de uma guitarra do tempo da Severa [de cravelhas] e reproduções alusivas ao tema", além de contar com um restaurante "num espaço totalmente renovado para o efeito".

A inauguração do espaço, cuja recuperação se inseriu no Programa de Ação QREN Mouraria promovido pela autarquia, aconteceu no passado dia 23 de Julho e ficou marcada por um ambiente de festa, com um espetáculo de rua que incluiu uma recriação da vida local na época da Severa e uma sessão de fados e guitarradas com um alinhamento organizado por Hélder Moutinho.
Em declarações à comunicação social presente por ocasião da inauguração, António Costa, autarca lisboeta, assinalou o facto de a data da inauguração ter coincidido com o dia de aniversário de Amália Rodrigues, outro nome incontornável da história do Fado.

António Costa sublinhou ainda a importância da "reabilitação de um edifício histórico em simultâneo com a revitalização da Mouraria" proporcionado pela inauguração da "Casa da Severa". 

Clique AQUI para aceder ao site oficial da "Casa da Severa" (ainda em construção) e AQUI para visitar a página deste novo espaço no Facebook.

Lince ibérico recupera da quase-extinção em Espanha. Segue-se Portugal.

Há 10 anos, o lince ibérico estava muito perto da extinção mas hoje, graças a um programa de conservação que envolveu caçadores, agricultores e a indústria do turismo, o número de espécimes triplicou de 94 para 312.
“Ainda não podemos festejar vitória, mas agora há esperança”, disse Miguel Ángel Simón, director do programa para a recuperação do lince na Andaluzia, no sul de Espanha. Há apenas cinco anos, o animal foi classificado como criticamente em perigo.
O projecto, financiado conjuntamente pelo governo de Andaluzia e pela União Europeia, foi apontado pela segunda vez pela UE como um programa de conservação exemplar. Bruxelas está a financiar 40% dos €26 milhões (R$ 76,8 milhões) necessários para estender o projecto para as regiões vizinhas da Extremadura, Castile-La Mancha e Múrcia – bem como para Portugal.
De acordo com Simón, citado pelo Guardian, o primeiro censos de linces realizado na Serra Morena e no Parque Nacional de Doñana não só detectou poucos linces, como também descobriu que a população de coelhos havia sido dizimadas por doença. E os coelhos são a principal fonte de alimento do lince.
O programa começou a criar linces em cativeiro, para o caso de estes se extinguirem na natureza. Quando o projecto actual foi lançado, em 2006, o governo andaluz trabalhou com os agricultores e clubes de caça, convencendo-os de que salvar o animal era do interesse de todos.
O lince foi transformado na atracção turística da região e foram criados 31 postos de trabalho a full-time, ligados a tarefas florestais em prol do programa. Esta vertente é muito significativa, já que o desemprego na Andaluzia se situa em torno dos 37%.
A segunda fase do programa envolveu a expansão do número de linces na região de Doñana. Alguns linces da Serra Morena foram aí libertados – e, para sucesso da iniciativa, no ano passado 61% dos linces recém-nascidos em Doñana eram descendentes de animais da Serra Morena.
A terceira fase do programa vai começar em Maio de 2014, com a introdução de animais em Portugal e em outras regiões.

Maior habitat de elefantes do norte da Europa prestes a abrir

O Noah’s Ark Zoo Farm, em Bristol, Inglaterra, está a construir um “hotel de cinco estrelas para elefantes” ecológico. O projecto no valor de €2 milhões (R$ 6 milhões) foi financiado em parte pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural.
Depois de cinco anos de trabalho, a construção está praticamente concluída e pronta para receber os primeiros inquilinos. O Elephant Eden vai garantir importantes melhorias no que diz respeito ao bem-estar dos elefantes, proporcionando-lhes um espaço pensado propositadamente para eles.
Trata-se do maior habitat artificial para elefantes no norte da Europa – tem nove hectares de área. Vai usar energia solar fotovoltaica, aquecimento a biomassa e recolha da água das chuvas – mecanismos que permitirão gerar a energia necessária para a casa dos elefantes e terrenos adjacentes. A maioria dos alimentos para os animais será cultivada numa quinta vizinha, informa o Business Green.
Pensado para gerir manadas de elefantes asiáticos e africanos, o projecto irá tornar-se num importante recurso moderno para os animais que já vivem em cativeiro. Eles vão poder desfrutar de uma zona de enigmas ocultos – tubos enterrados com comida escondida – e uma piscina de tamanho adequado à sua dimensão, por exemplo.
Ao longo do tempo, as condições de enclausuramento dos elefantes em jardins zoológicos ingleses têm-se tornado tão pobres que, no ano passado, o governo ordenou a melhoria das suas infra-estruturas – sob o risco de proibição de poderem continuar a albergar os animais.
Para começar, é esperado que um casal de elefantes se mude para a nova casa, mas com o tempo mais se juntarão aos privilegiados.

Estudante de Coimbra vence prémio europeu

Vítor Silva, João Andrade e Gabriel Falcão © Uni. de Coimbra
João Andrade, um estudante de doutoramento da Universidade de Coimbra (UC) foi o vencedor de um concurso europeu de “chips reconfiguráveis”, com um estudo que simplifica a criação de chips complexos. O concurso foi promovido por uma multinacional fabricante de chips.

Com base numa ferramenta informática de desenvolvimento de chips FPGA (Field-Programmable Gate Arrays)

, disponibilizado pela Altera, empresa promotora do concurso, João Andrade desenvolveu um projeto de criação de chips complexos, num curto espaço de tempo.

Este trabalho, orientado pelos professores Vítor Silva e Gabriel Falcão, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), valeu ao estudante um prémio europeu de “uso comercialmente mais relevante”, atribuído a nível europeu.
De acordo com o comunicado enviado ao Boas Notícias, os professores da FCTUC explicaram que esta tecnologia, desenvolvida por João Andrade, “permite desenvolver hardware utilizando uma abordagem próxima do desenvolvimento típico de software”.

Assim, esta traz “grandes vantagens, nomeadamente ao nível do aumento da flexibilidade de desenvolvimento, da adaptabilidade do sistema a novas funcionalidades e de teste e correção de erros, o que não era possível até aqui”, acrescentaram.

O prémio, que vai ser entregue em Setembro, contemplou ainda, em duas outras categorias, alunos da Universidade de Creta (Grécia) e da Universidade Politécnica de Valência (Espanha).

domingo, 28 de julho de 2013

Ponto mais sul de Portugal Continental é um reduto de sustentabilidade

É o ponto mais a sul de Portugal Continental e um verdadeiro bastião de ecologia, mesmo com infra-estruturas turísticas que continua a trazer pessoas todos os anos. O restaurante pertence a José Vargas
, que há 22 anos transporta turistas de Faro até à Ilha Deserta. “Comecei por trazer turistas para conhecer a beleza do parque, as aves e caranguejos, tudo o que tinha vivido na minha juventude”, explicou o director-geral da Animaris ao Economia Verde.
A Animaris cresceu e começaram também a aumentar as preocupações ecológicas, até porque o local de trabalho, a Ria Formosa, não lhe dava outra alternativa. Uma das ideias foi criar um restaurante e bar em plena Deserta, o Estaminé.
O restaurante está colocado sobre estacas, para permitir que as sementes e biodiversidade não sejam afectadas pela construção. O grande desafio foi levar as infra-estruturas sanitárias e electricidade à Deserta, ilha que conta com apenas um habitante.
“Não há nenhuma infra-estrutura pública. Não há luz eléctrica, rede de esgotos ou água de rede. Somos nós que temos de fazer isto tudo”, explicou José Vargas.
Para ter electricidade, o Estaminé apostou em 40 painéis solares, o que lhe permite ser auto-suficiente – até – de Inverno. “Hoje é comum vermos painéis solares, mas em 1991 só eu e uns quantos “malucos” alemães da Costa Vicentina [os tínhamos]”, gracejou o empresário.
Os pratos servidos no Estaminé são locais, e os turistas até têm a possibilidade de falar com os pescadores e perceberem mais sobre a biodiversidade da Ria Formosa.

Ponto mais sul de Portugal Continental é um reduto de sustentabilidade

É o ponto mais a sul de Portugal Continental e um verdadeiro bastião de ecologia, mesmo com infra-estruturas turísticas que continua a trazer pessoas todos os anos. O restaurante pertence a José Vargas
, que há 22 anos transporta turistas de Faro até à Ilha Deserta. “Comecei por trazer turistas para conhecer a beleza do parque, as aves e caranguejos, tudo o que tinha vivido na minha juventude”, explicou o director-geral da Animaris ao Economia Verde.
A Animaris cresceu e começaram também a aumentar as preocupações ecológicas, até porque o local de trabalho, a Ria Formosa, não lhe dava outra alternativa. Uma das ideias foi criar um restaurante e bar em plena Deserta, o Estaminé.
O restaurante está colocado sobre estacas, para permitir que as sementes e biodiversidade não sejam afectadas pela construção. O grande desafio foi levar as infra-estruturas sanitárias e electricidade à Deserta, ilha que conta com apenas um habitante.
“Não há nenhuma infra-estrutura pública. Não há luz eléctrica, rede de esgotos ou água de rede. Somos nós que temos de fazer isto tudo”, explicou José Vargas.
Para ter electricidade, o Estaminé apostou em 40 painéis solares, o que lhe permite ser auto-suficiente – até – de Inverno. “Hoje é comum vermos painéis solares, mas em 1991 só eu e uns quantos “malucos” alemães da Costa Vicentina [os tínhamos]”, gracejou o empresário.
Os pratos servidos no Estaminé são locais, e os turistas até têm a possibilidade de falar com os pescadores e perceberem mais sobre a biodiversidade da Ria Formosa.

Ponto mais sul de Portugal Continental é um reduto de sustentabilidade

É o ponto mais a sul de Portugal Continental e um verdadeiro bastião de ecologia, mesmo com infra-estruturas turísticas que continua a trazer pessoas todos os anos. O restaurante pertence a José Vargas
, que há 22 anos transporta turistas de Faro até à Ilha Deserta. “Comecei por trazer turistas para conhecer a beleza do parque, as aves e caranguejos, tudo o que tinha vivido na minha juventude”, explicou o director-geral da Animaris ao Economia Verde.
A Animaris cresceu e começaram também a aumentar as preocupações ecológicas, até porque o local de trabalho, a Ria Formosa, não lhe dava outra alternativa. Uma das ideias foi criar um restaurante e bar em plena Deserta, o Estaminé.
O restaurante está colocado sobre estacas, para permitir que as sementes e biodiversidade não sejam afectadas pela construção. O grande desafio foi levar as infra-estruturas sanitárias e electricidade à Deserta, ilha que conta com apenas um habitante.
“Não há nenhuma infra-estrutura pública. Não há luz eléctrica, rede de esgotos ou água de rede. Somos nós que temos de fazer isto tudo”, explicou José Vargas.
Para ter electricidade, o Estaminé apostou em 40 painéis solares, o que lhe permite ser auto-suficiente – até – de Inverno. “Hoje é comum vermos painéis solares, mas em 1991 só eu e uns quantos “malucos” alemães da Costa Vicentina [os tínhamos]”, gracejou o empresário.
Os pratos servidos no Estaminé são locais, e os turistas até têm a possibilidade de falar com os pescadores e perceberem mais sobre a biodiversidade da Ria Formosa.

Coimbra: Classificação da UNESCO aumenta turismo

A classificação do conjunto arquitetónico composto pela Universidade de Coimbra (UC) - Alta e Sofia como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO no passado mês de Junho está já a aumentar a afluência de turistas àquela cidade portuguesa. O local que mais atrai os visitantes é a Biblioteca Joanina, afirmou, na quarta-feira, o reitor da UC.

João Gabriel Silva falava como convidado durante uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Coimbra, convocada por proposta da CDU, para debater a classificação da Universidade, Alta e Sofia como Património Mundial, considerada "uma honra e responsabilidade para o município e para o país". 

O reitor da UC estimou que, para visitar a Biblioteca Joanina, a "joia da coroa" da área inscrita na lista de Património Mundial, será necessário fazer "reserva com dias de antecedência" em função do aumento de turistas que, nos últimos dias, tem registado a "Casa da Livraria" setecentista. 
"É normal que as zonas classificadas" pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) registem, "inicialmente, um aumento de turistas", mas, alertou João Gabriel Silva, também é normal que, pouco depois se observem "decréscimos se não forem criados mecanismos que atraiam e fixem turistas". 

O responsável defendeu que a criação desses mecanismos "depende de todos", incluindo a Universidade de Coimbra, mas também a câmara municipal, o Governo, os departamentos descentralizados da administração central, as entidades públicas e privadas e os cidadãos. 

João Gabriel Silva aproveitou ainda a ocasião para sublinhar "a energia e visão" do seu antecessor à frente da reitoria da UC, Fernando Seabra Santos, que lançou e desenvolveu o projeto de candidatura da Universidade, Alta e Sofia a Património da Humanidade, bem como o "papel decisivo na reta final" do processo de candidatura de João Paulo Barbosa de Melo, atual autarca de Coimbra.

Além de João Gabriel Silva, foram convidados para participar na sessão o anterior reitor da UC Fernando Seabra Santos, Raimundo Mendes da Silva, o curador da candidatura da Universidade, Alta e Sofia a Património Mundial e a presidente da Comissão Nacional da UNESCO, que se fez representar por Maria José Morais.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

The Guardian destaca hotel "de cortiça" português

O Ecorkhotel Évora Suites & Spa encontra-se em destaque na secção de viagens do The Guardian. A quem procura umas férias que conjuguem natureza e desporto, o jornal britânico recomenda esta unidade hoteleira onde a cortiça é o elemento predominante.
Com 56 suites modernas "espalhadas como cubos de açúcar branco ao longo da planície alentejana", este "inovador eco-hotel, situado na periferia da cidade de Évora, é inteiramente revestido a cortiça e abastecido por energia solar e geotérmica", escreve aquela publicação.
A autora do artigo, Joanne O'Connor, sublinha ainda que o hotel possui "piscina, spa e um restaurante que serve cozinha tradicional portuguesa" e que todas estas fantásticas ofertas se encontram a "escassos 5 minutos do centro histórico de Évora".
Como o Boas Notícias noticiou anteriormente, o Ecorkhotel foi inaugurado no passado mês de Maio. É agora apresentado pelo The Guardian como uma "variante pioneira na aplicação da cortiça" enquanto isolante térmico e acústico, num país que é já um "tradicional fornecedor de rolhas de cortiça para as garrafas de vinho de todo o mundo".
Com uma classificação de quatro estrelas atribuída pelo The Guardian, este eco-hotel alia o máximo conforto às preocupações ambientais, recorrendo a energias alternativas para o abastecimento do edifício principal, piscinas e restante água canalizada do hotel. O preço é de 120 euros por noite num quarto duplo.

Clique AQUI para ler o artigo completo no The Guardian e AQUIpara aceder ao site do Ecorkhotel Évora, Suites & Spa.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Horas de deitar irregulares podem afectar cérebro das crianças

Estudo comparou aprendizagem de crianças que iam para a cama sempre à mesma hora e daquelas cujos pais não tinham uma rotina. Raparigas são mais afectadas.
Encontrar uma hora certa para dormir é mais importante do que ser cedo ou tarde


As crianças que durante a semana não conseguem manter uma rotina que passe por irem para a cama sempre às mesmas horas poderão ficar com o cérebro afectado, nomeadamente com mais dificuldade em assimilar as novas informações.

As conclusões são de uma equipa de investigadores da University College London e acabam de ser publicadas no Journal of Epidemiology and Community Health. De acordo com os cientistas, quando não há uma rotina do sono, ainda assim, os efeitos negativos são mais sentidos pelas raparigas do que pelos rapazes, explica o diário britânico The Guardian.

O estudo procurou perceber os efeitos de horários de sono irregulares no desenvolvimento cerebral em crianças ainda pequenas. Para isso, os investigadores utilizaram informações do UK Millennium Cohort Study, uma base de dados que contém informações de várias áreas. Os investigadores escolheram uma amostra de adolescentes cujos dados eram acompanhados desde a infância e compararam os dados relativos ao ciclo de sono com os resultados em alguns testes.

O trabalho contou com a participação dos pais. Os que responderam que os seus filhos iam para a cama “sempre” ou “quase sempre” às mesmas horas foram colocados no grupo dos regulares e os que responderam “algumas vezes” ou nunca” foram para os irregulares.

A equipa, liderada por Amanda Sacker, olhou em especial para as informações das crianças quando estavam casa dos três anos de idade e percebeu que tanto os rapazes como as raparigas que tinham irregularidades no sono apresentavam mais tarde dificuldades em áreas como a leitura, a matemática ou exercícios que implicassem abstracção. O problema afectava mais as raparigas, tanto aos três anos como mais tarde, aos cinco e aos sete anos.

Pelo contrário, as crianças cujos pais mantinham uma rotina mais apertada tinham mais facilidade em apreender a informação de situações novas. Além disso, de acordo com o estudo, aparentemente quanto mais tempo perdurar a irregularidade maiores vão ser os efeitos no futuro. Um dado curioso é que a hora a que as crianças se deitam parece não ter influência, desde que seja sempre a mesma, ainda que seja mais tarde.

“Os três anos parecem ser a idade onde se vê um efeito mais claro” da privação de sono, disse Amanda Sacker ao The Guardian, explicando que contrariar o relógio do corpo humano tem implicações directas na aprendizagem. “Se uma criança tiver irregularidades na hora de ir para a cama numa idade prematura, não estará a sintetizar toda a informação à sua volta, e terão o trabalho mais dificultado em fazê-lo quando fores mais velhas”, acrescentou. “Dormir é o preço que pagamos pela plasticidade [do cérebro] no dia anterior e o investimento necessário para permitir aprender com a cabeça fresca no dia seguinte”, escrevem os autores, citados pelo mesmo jornal.

Sepultura de mulher com 8000 anos descoberta em Alcácer do Sal

Esqueleto estava num monte de conchas perto do rio Sado, deixadas lá pelos últimos caçadores-recolectores em território português. Não muito longe, tinha-se já encontrado um cão com 7600 anos.
Escavação da mulher na sua sepultura no concheiro de Poças de São Bento, perto do Sado

Colocaram-na cuidadosamente de costas, com os braços sobre a barriga e as pernas bastante flectidas, e assim ficou em repouso durante cerca de 8000 anos. Agora, a equipa que trabalha no sítio arqueológico de Poças de São Bento, em Alcácer do Sal, começou por se deparar com um pedaço do crânio que ficou à mostra durante as escavações. Era um fragmento do esqueleto de uma mulher que pertenceu aos últimos caçadores-recolectores em território português.

Anunciada esta quinta-feira, a descoberta é da equipa de Mariana Diniz, da Universidade de Lisboa, e Pablo Arias, da Universidade da Cantábria (Espanha), coordenadores do projecto Sado-Meso, que se centra nos concheiros do estuário do Sado.

O concheiro de Poças de São Bento é um desses amontoados de conchas deixados pelos últimos caçadores-recolectores, no Mesolítico, quando as sociedades agropastoris estavam já a emergir no território agora português. E as conchas eram restos da alimentação que os caçadores-recolectores retiravam do Sado, como berbigão, amêijoas, douradas e robalos.  

No concheiro de Poças de São Bento já se encontraram outros esqueletos humanos, noutras escavações, por exemplo na década de 1950. Qual é então a importância agora desta mulher? “É [o esqueleto] mais bem preservado em Poças de São Bento. Podemos observar sua posição. Há um ritual de deposição do corpo com alguma elaboração”, responde Mariana Diniz. “Espólio e oferendas, não há nada. Estes caçadores aparentemente não se faziam acompanhar [por esses objectos]”, acrescenta a arqueóloga. “A partir deste esqueleto vamos poder fazer uma série de análises laboratoriais, como análises de ADN e datações, porque temos a amostra controlada”, refere ainda Mariana Diniz, explicando que os achados arqueológicos antigos do local têm o problema de não se saber exactamente de onde vêm.

“Esta descoberta permitirá obter informação detalhada acerca do comportamento funerário destes grupos, das suas actividades rituais”, adianta por sua vez um comunicado da Universidade de Lisboa.

Este mesmo concheiro já tinha dado uma prenda aos investigadores do projecto Sado-Meso em 2011: encontraram o esqueleto de um cão, o Piloto, que datações por radiocarbono, realizadas na Universidade de Oxford, Reino Unido, confirmaram que tinha 7600 anos. Claramente documentada numa escavação, é a sepultura de um cão mais antiga do Sul da Europa. Este cão mesolítico, sublinhou na altura a equipa, é importante para compreender o universo mental destes grupos de caçadores-recolectores.

Mulher e cão partilharam assim o mesmo concheiro na hora da morte. “Mas não podemos dizer que é ela era a dona do cão”, diz a arqueóloga, trazendo-nos de volta à realidade mais objectiva da ciência. “Estão no mesmo concheiro, mas aparentemente, pelos dados que temos agora, a zona da necrópole humana e o cão estão separados 10 a 15 metros. Temos a necrópole humana mais a nascente e o cão está no limite poente do concheiro.”

Embora ainda sem datações, o esqueleto da mulher parece ser um pouco mais antigo que o do cão, uma vez que ela encontra nas areias de base do concheiro. “Em pré-história, um pouco mais antigo pode ser 300 ou 400 anos...”

Estrela que irá ter 100 vezes a massa do Sol apanhada a nascer

Novo radiotelescópio no Chile observou o interior de nuvem de poeiras e gases na nossa galáxia onde está a formar-se uma estrela gigantesca. Ela vai nascer, viver e morrer depressa, como um buraco negro.
O núcleo amarelo é o "útero" estelar onde está a formar-se a nova estrela numa nuvem de gases e poeiras, a 11.000 anos-luz da Terra

Como nascem as estrelas de grande massa, aquelas que têm pelo menos dez vezes a massa do Sol? Uma equipa internacional, que inclui a astrofísica portuguesa Ana Duarte Cabral, apanhou o maior embrião de uma estrela alguma vez visto a formar-se na nossa galáxia e que já deu pistas aos cientistas sobre o assunto.

A estrela é uma das que estão a nascer na Via Láctea, dentro da Nuvem Escura de Spitzer 335.579-0.292, um grande aglomerado de poeiras e gases que não deixa passar a luz visível. A zona da nuvem escura onde esta estrela se encontra em formação é como um grande útero estelar, com 500 vezes a massa do Sol, e é aí que a estrela está a alimentar-se vorazmente enquanto cresce. No final da sua formação, deverá atingir 100 vezes a massa do Sol, o que é muito invulgar. Não se conhecem estrelas com muito mais de 100 massas solares e mesmo com mais de 50 já são raras.

Ora, para conseguir ver o interior desta nuvem escura, como se de uma ecografia se tratasse, a equipa utilizou o maior radiotelescópio da Terra, o ALMA, inaugurado no Chile em Março. Tudo porque o ALMA, da sigla em inglês de Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, observa outro tipo de radiação, com comprimentos de onda maiores do que a luz visível, por volta do milímetro, o que permitiu observar o interior desta nuvem opaca, situada a cerca de 11.000 anos-luz de distância da Terra.

Outros telescópios espaciais, o Spitzer, da NASA, e o Herschel, da Agência Espacial Europeia, já tinham antes dado a ver que o ambiente dentro da nuvem era conturbado, com filamentos de gás escuros e densos. Mas o poder do ALMA permitiu observações mais minuciosas, quer ao nível da quantidade de poeiras quer do gás a deslocar-se dentro da nuvem, sublinha um comunicado do Observatório Europeu do Sul (ESO), organização intergovernamental de astronomia a que Portugal pertence e que é um dos parceiros do radiotelescópio.

Fragmentação ou colapso total?

Estas observações trazem agora novas pistas sobre a formação de estrelas de grande massa. Há duas hipóteses, explica ainda o comunicado. Uma sugere que a nuvem escura progenitora se fragmenta, criando vários núcleos pequenos de matéria, que entra em colapso sobre si própria, acabando por formar várias estrelas. A outra hipótese sugere que a nuvem inteira entrará em colapso, com o material a deslocar-se rapidamente para o centro da nuvem, criando nessa região uma ou mais estrelas de massa muito elevada.

“As observações do ALMA permitiram-nos ver pela primeira vez com todo o pormenor o que se passa no interior desta nuvem,” diz o coordenador da equipa, Nicolas Peretto, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido. “Queríamos ver como é que estrelas monstruosas se formam e crescem, e conseguimos! Uma das fontes que encontrámos é um verdadeiro gigante – o maior núcleo proto-estelar alguma vez encontrado na Via Láctea.”

Neste núcleo, o útero da estrela embrionária, muita matéria continua a juntar-se. A gravidade fará o seu trabalho e todo esse material cairá sobre si próprio, formando uma estrela com uma quantidade de matéria invulgar. “As observações do ALMA revelam os detalhes espectaculares dos movimentos da rede de filamentos de gás e poeiras e mostram que uma enorme quantidade de gás está a deslocar-se para a região central compacta”, explica por sua vez Ana Duarte Cabral, 28 anos, actualmente no Laboratório de Astrofísica da Universidade de Bordéus, em França, como pós-doutorada.

Estas observações apoiam assim a hipótese do colapso global para a formação de estrelas de grande massa, em vez da hipótese da fragmentação, remata o comunicado.

“Embora já soubéssemos que esta região era uma boa candidata a ter uma nuvem a formar estrelas de grande massa, não esperávamos encontrar uma estrela embrionária tão grande no seu centro. De todas as estrelas da Via Láctea, apenas uma em cada dez mil atinge este tipo de massa [100 massas solares]!”, sublinha Peretto.

Com esse “tamanho”, se a colocássemos no nosso sistema solar, até onde chegaria ela? “Para já, o que observámos foi o núcleo que poderá dar origem a uma tal estrela, que neste momento ainda está em crescimento. O núcleo em si tem cerca de 10.000 unidades astronómicas, ou seja, 10 mil vezes a distância da Terra ao Sol, pelo que o tamanho deste núcleo é maior do que o sistema solar inteiro”, responde ao PÚBLICO Ana Duarte Cabral. “No entanto, quando a estrela for adulta e parar de crescer, se atingir as tais 100 massas solares, terá um raio que será cerca de 30 vezes maior que o raio do Sol. Mesmo assim, esta distância corresponde a menos do que a distância entre Mercúrio e o Sol. Seria uma estrela 30 vezes maior (em raio) do que o Sol, mas não chegaria a nenhum dos planetas.”

Nascer e morrer depressa

Mas estrelas como esta nascem, crescem e morrem depressa. “Não são apenas raras, o seu nascimento é também extremamente rápido e a sua infância muito curta. É por isso que encontrar um objecto com tanta massa numa fase tão inicial da sua evolução é um resultado espectacular”, acrescenta outro elemento da equipa, Gary Fuller, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, que foi o orientador da tese de doutoramento de Ana Duarte Cabral.

Esta fase precoce do nascimento de uma estrela maciça demora cerca de um milhão de anos. “Uma vez adulta, penso que viverá qualquer coisa como cinco milhões de anos. Pode parecer muito para nós, mas comparado com estrelas como o Sol, que duram cerca de 9000 milhões de anos, é muito curto”, diz-nos ainda a astrofísica portuguesa. “O facto de as estrelas maciças serem raras e evoluírem tão depressa é que as torna tão difíceis de observar.”

Quando o seu fim chegar, ela tornar-se-á um buraco negro, refere Ana Duarte Cabral. “Só as estrelas maciças acabam a vida de forma tão dramática.”