Páginas

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Novo projecto de conservação protege fura-bardos e floresta laurissilva

A Comissão Europeia acabou de aprovar o Life fura-bardos, um projecto de protecção desta subespécie endémica da macaronésia, que ocorre apenas na ilha da Madeira e em cinco ilhas do arquipélago das Canárias.
Segundo explicou a SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), que coordena o projecto – é a primeira vez que o faz na ilha da Madeira – a população de fura-bardos (accipiter nisus granti) da Madeira tem sofrido, nos últimos anos, diversas ameaças, em especial pela alteração do seu habitat devido à ocupação deste terreno por plantas exóticas de carácter invasor. Também os violentos incêndios ocorridos entre 2010 e 2012 ajudaram a provocar problemas para esta espécie.
“Com este projecto pretendemos reduzir as populações de plantas invasoras em duas áreas de laurissilva e promover a limpeza e reflorestação de uma área de laurissilva que ardeu em 2012”, explica a SPEA em comunicado.
A associação vai também “aumentar o conhecimento sobre esta ave de rapina florestal, em especial as tendências populacionais em ambos os arquipélagos e sua ecologia”.
“Ao longo dos próximos quatro anos faremos também um intenso trabalho ao nível da sensibilização da população local, uma vez que esta ave ainda é desconhecida para muitos madeirenses”, conclui a associação, que vai trabalhar em conjunto com duas entidades públicas regionais: a Direcção Regional de Florestas e Conservação da Natureza e o Serviço do Parque Natural da Madeira; e da SEO/Canárias, parceiro espanhol da Birdlife International.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Casal de leopardos-da-pérsia cedido à Rússia pelo Zoo de Lisboa teve duas crias

Em 50 anos, são as primeiras crias desta subespécie a nascer naquele país, onde está extinta.
Esta é uma das subespécies de leopardo mais ameaçadas de extinção 
Nove meses depois de ter “emigrado” para a Rússia, o casal de leopardos-da-pérsia que antes vivia no Jardim Zoológico de Lisboa teve duas crias. É a primeira vez, em 50 anos, que nascem crias de leopardo-da-pérsia na Rússia, onde esta subespécie está actualmente extinta.

As crias nasceram a 12 de Julho no Centro de Reprodução e Reintrodução do Parque Nacional de Sochi, na Reserva Natural do Cáucaso. Foi para lá que os pais, Zadig e Andrea, de sete anos, foram enviados em Outubro do ano passado, ao abrigo do Programa de Reintrodução do Leopardo-da-pérsia criado pelo governo russo em parceria com várias entidades de conservação da Natureza, entre elas o Jardim Zoológico de Lisboa.

Os filhos de Zadig e Andrea ainda não têm nome, nem se sabe qual o seu sexo. Numa nota, o Zoo de Lisboa diz que as crias, que nascem em média com 15 centímetros e 500 a 700 gramas, ainda estão junto da mãe.

Depois de uma primeira fase de adaptação, o casal e as crias vão viver para as montanhas do Cáucaso, em liberdade. Cumprem assim o objectivo do programa, que passa por reintroduzir esta subespécie – classificada como “criticamente em perigo” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza - no seu habitat natural, onde já não existe em estado selvagem.

O Zoo de Lisboa foi “a primeira instituição zoológica do mundo a transferir um casal de leopardos-da-pérsia para a Rússia, tendo sido seleccionado para colaborar neste programa devido ao elevado índice de reprodução desta espécie no parque – apresenta a melhor taxa de reprodução na Europa”, lê-se na nota.

A subespécie é originária do Medio Oriente e é ameaçada pela redução do habitat natural, pela caça para o comércio ilegal de pede e dos ossos, e ainda pela perseguição directa por ser considerada predadora do gado doméstico e uma ameaça para as populações. Actualmente, a população total em estado selvagem está estimada em 870 a 1290 indivíduos, com uma distribuição muito fragmentada.

“O leopardo-da-pérsia assume uma extrema importância para a Rússia, sendo inclusivamente o símbolo oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno a decorrer em Sochi em 2014”, sublinha o Zoo de Lisboa.

Kit português converte bicicletas normais em elétricas

Um investigador português da Universidade do Minho criou o protótipo de um kit capaz de transformar bicicletas 'normais' em bicicletas elétricas. A invenção de Rui Araújo, testada na Bicicleta Elétrica da Universidade do Minho (BeUM), oferece uma autonomia de 60 km.

Embora ainda não tenha previsão para a comercialização do produto, o investigador disse ao Boas Notícias que o kit pode ser adaptado em qualquer modelo de bicicleta (tanto nas mais antigas como nas mais modernas) e deverá ter um custo de, aproximadamente, 500 euros.

Com uma velocidade máxima de 25 km/h, este motor terá, por enquanto, de ser carregado através de uma tomada elétrica. No entanto, está já a ser desenvolvido um novo kit que será capaz de transformar a energia cinética (do movimento dos pedais e da própria bicicleta) em energia elétrica.

Este projeto foi desenvolvido no âmbito da tese do mestrado integrado em Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores, que vai ser apresentada esta quarta-feira, em Guimarães, no II Simpósio do Grupo de Eletrónica de Potência e Energia.
A BeUM, criada a pensar no alargamento do universo de utilizadores deste meio de transporte ecológico, tem como meio de propulsão auxiliar o tal kit que consiste num motor BLDC (Brushless Direct Current), com três modos de ajuda na tração.

O kit tecnológico da bicicleta, que permite reduzir a força muscular habitualmente exercida pelo utilizador,  foi construído com uma bateria de iões de lítio polímero, que, dependendo do modo de ajuda, da topografia do terreno e do utilizador, assegura uma autonomia máxima de 60 km.

Como explica Rui Araújo, “o sistema eletrónico de controlo do motor, os circuitos de comando e a plataforma de carregamento de baterias da bicicleta elétrica, foram desenvolvidos a partir de tecnologias próprias”.

Ambiente: Bióloga portuguesa descobre o animal terrestre mais profundo do mundo

Caldas da Rainha, 22 fev (Lusa) - Insetos primitivos, sem asas e sem olhos, que vivem em total escuridão na gruta mais profunda do mundo, são a mais recente descoberta da bióloga portuguesa Sofia Reboleira.
"A descoberta de vida a semelhante profundidade lança novas luzes sobre a forma como olhamos para a vida na Terra", disse à Lusa a bióloga Sofia Reboleira que, juntamente com Alberto Sendra (do Museu Valenciano de História Natural), descobriu mais quatro novas espécies para a ciência.
São diminutos insetos, desprovidos de asas de olhos, "que vivem na gruta mais profunda do mundo, em total escuridão"e que há milhões de anos desenvolvem mecanismos de adaptação que lhes permitem viver a grandes profundidades.


Lince-ibérico vai ter corredor ecológico de 55 hectares em Moura

O projecto LIFE Habitat Lince Abutre, que promove o habitat do lince-ibérico e abutre-preto no sudeste português, chegou a acordo com os olivicultores da região de Moura, no Alentejo, para a criação de um corredor ecológico para uma destas espécies protegidas, o lince-ibérico. O corredor terá 55 hectares, vai contribuir para a conservação do lince-ibérico e ligar as áreas da serra da Adiça e Ficalho.
O acordo levará os olivicultores da região a não efectuarem, em determinadas parcelas dos seus olivais, intervenções que prejudiquem o desenvolvimento e regeneração da vegetação natural. Como a colheita da azeitona.
Em contrapartida pela consequente perda de rentabilidade, estes agricultores recebem um pagamento compensatório por cada hectare de olival afecto à implementação destes corredores.
A recuperação da vegetação nestas áreas, previamente seleccionadas, permitirá aumentar a conectividade da paisagem adequada ao lince-ibérico, facilitando assim a sua deslocação nesta região.
Simultaneamente, aumentam-se também as áreas favoráveis à existência de coelho-bravo (assim como de outras espécies de caça menor), presa deste ameaçado felino e que pode constituir um importante recurso económico para as áreas rurais. Espera-se assim que a médio prazo esta medida inovadora contribua para a recuperação do lince-ibérico na região.
O projecto LIFE Habitat Lince Abutre é coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e conta com a parceria de diversas instituições públicas e privadas, designadamente o Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI), a Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC), a Associação dos Jovens Agricultores de Moura (AJAM), a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS / ISCTE-IUL). Este projecto é co-financiado a 75% pelo Programa LIFE-Natureza da Comissão Europeia.

Plástico lidera aumento da reciclagem em Portugal no primeiro semestre

A reciclagem de resíduos de embalagem cresceu nos primeiros seis meses de 2013. Entre Janeiro e Junho, a Sociedade Ponto Verde (SPV) encaminhou para reciclagem 168.313 toneladas de resíduos de embalagens no âmbito do fluxo urbano. Trata-se de um crescimento de 3% dos resíduos provenientes, na sua maioria, dos materiais recolhidos selectivamente, nomeadamente através dos ecopontos e sistemas porta-a-porta.
“Este resultado vem demonstrar que, apesar da actual conjuntura económica, a população está cada vez mais sensibilizada para a importância da reciclagem através da separação dos seus resíduos de embalagem”, salienta Luís Veiga Martins, director-geral da SPV.
Nos resíduos de embalagem de origem doméstica, pequeno comércio e HORECA o destaque em termos de crescimento de material encaminhado para reciclagem vai para o plástico (22%), seguido pelo metal (20,7%).
“Acreditamos que, mesmo com o tempo difícil que atravessamos, cada vez mais pessoas continuarão a separar os seus resíduos, ajudando a continuar a percorrer um caminho de sucesso com o empenho de todos os parceiros do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem. É de destacar que a reciclagem de embalagens proporciona 2.300 postos de trabalho e devolve anualmente à economia €70 milhões por ano. Reciclar é um acto cívico de grande importância para o ambiente e uma atitude geradora de emprego e de valor para a economia”, acrescenta Luís Veiga Martins.
Em relação ao fluxo não urbano – de origem industrial ou comercial – foram encaminhadas para reciclagem 153.570 toneladas de resíduos de embalagens nos primeiros seis meses do ano, um crescimento de 47% comparativamente com o período homólogo.
No total dos dois fluxos – urbano e não urbano – a SPV encaminhou para reciclagem mais de 321 mil toneladas de resíduos de embalagens, um crescimento superior a 20%.

Quantidades de resíduos de embalagem de origem urbana encaminhadas para reciclagem
Balanço Janeiro-Junho20132012Comparação Semestral 2012/13 (p.p)
Papel/Cartão46.48144.6764%
Vidro78.85781.745-4%
Plástico30.99325.45322%
Metal10.7408.89720,7%
Madeira1.2462.058-39%
Total168.313162.8303%

Aquecimento global está a fazer disparar número de alforrecas

Há cada vez mais relatos de encontros com alforrecas em todo o mundo, e o aquecimento global – e dos oceanos – poderá estar ligado a este facto. De acordo com o director do programa de biodiversidade da MCS (Marine Conservation Society), Peter Richardson, “à medida que as nossas águas ficam mais quentes, o número de visionamentos de alforrecas – ou medusas – aumenta”.
“Há algumas provas que o número de alforrecas está a aumentar em vários locais de todo o mundo, ainda que alguns cientistas acreditem que o número de alforrecas aumente e diminua a cada 20 anos”, explicou o responsável.
De acordo com Richardson, as alterações climáticas, poluição e pesca excessiva também contribuem para esta situação.
“Devemos considerar as populações de alforrecas como indicadores importantes do estado dos nossos mares, e o nosso estudo ajuda a dar-nos alguma informação para percebermos mais sobre estas”, explicou o investigador.
A MCS está a pedir aos banhistas para reportarem todos os visionamentos de alforrecas, que são um barómetro do que se está a passar no Oceano. No entanto, as pessoas devem manter-se afastadas e evitar tocar nelas.
Em Junho, milhares de alforrecas invadiram a costa mediterrânea, afectando as férias de Verão de turistas e locais.
“Ainda sabemos relativamente pouco das alforrecas, mas elas são cada vez em maior número, o que diz muito da saúde dos nossos mares”, concluiu Rochardson.

Oito mitos e verdades sobre as alterações climáticas


As alterações climáticas existem ou é um mito construído pela comunidade cientista? O jornal i publica hoje um FAQ (frequently asked questions – “perguntas frequentemente feitas”, em português literal) sobre o assunto e desmistifica – ou reforça – algumas das questões que estão em cima da mesa neste debate.
Muitas delas são, como poderá perceber, vária
s vezes aqui abordadas, na forma de notícias e novos estudos publicados periodicamente.
Estas oito questões foram formuladas por 50 leitores do jornal i e respondidas por especialistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Um excelente serviço público do jornal português.
1. O clima já mudou antes
Verdade. E continuará a mudar de forma natural, já que o clima terrestre é influenciado por variações da órbita terrestre, variações da posição do eixo da Terra, flutuações da actividade solar e da actividade vulcânica (arrefecimento). No entanto, as actividades humanas – por exemplo as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e a desflorestação – são responsáveis por alterar o balanço radiactivo do sistema terrestre e dessa forma têm uma influência sobre o clima.
2. Não há consenso sobre impacto do homem nas mudanças climáticas
Errado. Há consenso científico e todos os estudos feitos sobre o assunto nas últimas décadas apontam para valores bem acima dos 90% de concordância entre os especialistas nas diferentes áreas do ambiente e alterações climáticas. Cerca de 97 em cada 100 especialistas apontam as actividades humanas como causas das alterações climáticas. Além do consenso entre cientistas, existe ainda um consenso nos dados encontrados sobre essa influência.
3. Temperatura e CO2 sobem ao mesmo ritmo
Errado. Dióxido sobe depois Este ponto é normalmente ilustrado pela seguinte ideia: durante a saída das últimas eras glaciares o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) não antecedeu a subida da temperatura mas aparentemente seguiu-se a esta com um intervalo entre 200 e 1000 anos (dados encontrados por cientistas que estudam o clima e as alterações climáticas). Logo, um aumento do CO2 não poderia ter provocado a subida das temperaturas.
De facto, quando a Terra sai de uma era glaciar, o aquecimento é iniciado pelas alterações na órbita terrestre e não pelo aumento inicial do CO2. Este aquecimento amplifica a libertação natural de CO2 pelos oceanos, que, por sua vez, amplifica o aquecimento da atmosfera promovendo a mistura deste gás na atmosfera e a expansão desse aquecimento por todo o planeta. A estes fenómenos dá–se o nome de retroacção positiva. Os mesmos estudos indicam que cerca de 90% do aquecimento global ocorre após o aumento dos níveis de CO2. Aliás, esta é uma das razões porque se sabe que alterar a composição da atmosfera através da libertação de GEE (naturalmente ou pelos seres humanos) irá provocar um aumento das temperaturas médias globais.
4. Há relação entre catástrofes naturais e aquecimeno global
Certo. As indicações científicas de que a intensidade dos eventos extremos está a aumentar devido às alterações climáticas são cada vez mais fortes. O que não significa que todos os eventos extremos sejam causados ou directamente relacionados com estas alterações. Um evento extremo é um acontecimento raro num determinado local ou período do ano.
As definições de raro podem variar, mas são normalmente associadas a percentis estatísticos (por exemplo, raro se abaixo do percentil 10 ou acima do percentil 90). Apesar de toda a incerteza e de muitas vezes existir alguma confusão entre o que é a ocorrência destes fenómenos e os danos que causam (o mesmo evento extremo pode causar danos diferentes consoante a área que atinge), os estudos científicos sobre o assunto apontam para um aumento da intensidade destes eventos e, em alguns casos, também para um aumento da sua ocorrência.
5. O CO2 é alimento para plantas
Verdade. Mas irrelevante para a discussão. A resposta das plantas ao excesso de CO2 é sensível a uma variedade de factores (idade, genética, fenótipos, altura do anos, nutrientes, entre outros). Aliás, está demonstrado que um aumento da concentração de CO2 promove na maior parte das situações um maior crescimento das plantas até um determinado limite a partir do qual se torna negativo. O aumento global de CO2 é muitas vezes designado uma “gigantesca experiência biológica” que os seres humanos estão a conduzir na Terra.
6. O sol está a ficar mais quente
Errado, pelo menos desde 1978. O Sol tem registado uma tendência de arrefecimento desde 1978. Ainda assim, existem algumas incertezas neste ponto, dado que as medições mais exaustivas começam precisamente no final dessa década e ainda permanecem dúvidas quanto à melhor metodologia de análise.
Os cientistas estão para já de acordo que a actividade solar parece estar regulada por períodos de 11 anos, os chamados ciclos solares. De acordo com as últimas previsões da NASA, actualizadas no início de Julho, o pico do actual ciclo solar (número 24) deverá ser atingido durante este Verão. Contudo, cenários como grandes descargas de radiação poderem interferir com comunicações por satélite ou outro equipamento espacial tem sido descartado. Estima-se que este pico seja o menos intenso desde 1906.
7. O aquecimento provoca aumento do CO2
Verdade. Não esquecer que o aumento do CO2 provoca aquecimento, que por sua vez provoca aumento de CO2, que por seu turno aumenta o aquecimento.
8. Ursos-polares estão a aumentar
Talvez, é difícil saber ao certo. Os ursos-polares encontram-se entre as espécies mais ameaçadas pelas alterações climáticas, uma vez que o seu habitat será dos mais afectados pelo aquecimento global (os pólos aquecem mais rapidamente que o resto da Terra e o gelo polar pode apresentar uma elevada sensibilidade a estas alterações). Assim sendo, e a confirmar-se , seriam óptimas notícias para esta espécie e para a Terra em geral.

Mantinhas de burel de Manteigas são sucesso no Japão

O burel, material com 100% de lã, foi durante décadas o têxtil por excelência para gerações e gerações de serranos e outros portugueses. Com origem na Serra da Estrela, ela era usado para proteger as populações do frio, dando algum conforto, por exemplo, aos pastores da região. Pensa-se, inclusive, que o nome Manteiga virá das mantas e mantinhas feitas a partir desta matéria-prima.
Hoje, o burel volta a estar na moda e há empresas, como a Ecolã, de Manteigas, que estão a inovar no fabrico de acessórios e roupa em burel. “O burel é um tecido feito com lã – tem de ser lã bordaleira Serra da Estrela -, é tecido no tear com as características inerentes – o ser impermeável e quente”, explica João Clara, da Ecolã.
Segundo o responsável, durante décadas as pessoas dos arredores vinham ao lugar das mantas e mantecas. O nome Manteigas surge assim.
Várias décadas depois, o burel chegou ao Japão – e com bastante sucesso. “Sentimo-nos muito contentes. Os japoneses ficaram quase como uma criança quando vê uma coisa diferente, dizem que é aquilo exactamente que eles queriam”, explica.
A surpresa do interesse japonês surgiu há quatro anos e, desde então, todos os anos as vendas aumentam. A Ecolã exporta mantas, cobertores, roupas, acessórios, malas, chapéus e casacos, para homem e mulher.
Para aproveitar as sobras do burel, a Ecolã contratou uma colaboradora que se dedica, exclusivamente, ao fabrico de chinelos e acessórios. Para que nada se perca no caminho para a sustentabilidade – a social, ambiental e económica.